segunda-feira, 13 de junho de 2016

Poema inédito de Angélica Freitas

Angélica Freitas nasceu em 8 de abril de 1973, em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Estudou jornalismo em Porto Alegre, na UFRGS. Trabalhou como repórter no Estadão e na revista Informática Hoje, em São Paulo. Publicou em diversas revistas como Inimigo Rumor, Diário de Poesía (Argentina) e aguasfurtadas (Portugal). Integra a coletânea Cuatro poetas recientes de Brasil (Buenos Aires: Black&Vermelho, 2006). Editou, juntamente à Marília Garcia e Ricardo Domeneck a revista Modo de usar & Co.
Publicou os livros Rilke shake (São Paulo: Cosac Naify; Rio de Janeiro: 7Letras, 2007) - publicado e traduzido também em Portugal e nos Estados Unidos - e Um útero é do tamanho de um punho (São Paulo: Cosac Naify, 2012).
Abaixo, poema inédito da autora e um vídeo com a leitura do mesmo feito pela Maria Rezende.





Porto Alegre

quando você viu na tv aquelas pessoas em fila na chuva à noite numa estrada na fronteira de um país que não as deseja
e quando você viu as bombas caírem sobre cidades distantes com aquelas casas e ruas tão sujas e tão diferentes
e quando você viu a polícia na praça do país estrangeiro partir pra cima de manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo
não pensou duas vezes nem trocou o canal e foi pegar comida na geladeira
não reparou o que vinha que era só uma questão de tempo não interpretou como sinal a notícia não precisou estocar mantimentos
agora a colher cai da boca e o barulho de bomba é ali fora e a polícia parte pra cima dos teus afetos munida de espadas, sobre cavalos

Berkeley, 14.5.2016




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