quarta-feira, 8 de junho de 2016

Mauro Vasconcellos

Mauro Vasconcellos é um poeta, músico e ilustrador nascido em 1990 no Rio Grande do Sul. Apesar de gaúcho, define-se como um poeta iguaçuano por viver na cidade de Nova Iguaçu, região da Baixada Fluminense do Rio de Janeiro, e motivado por questões políticas, ideológicas e de identidade – mesmo que tenha escrito os seus primeiros versos em Fortaleza, no Ceará. Denomina-se iguaçuano devido à memória, às vivências e à sua família, e é neste cenário onde ele elabora a sua rede de articulação poética e cultural.
Com uma produção literária ainda incipiente, mesmo com alguns anos de exercício poético e escritos guardados e/ou desaparecidos, sua escrita é representativa do que vem sendo feito atualmente na Baixada Fluminense, isto é, temas cotidianos e informais tratados, quase sempre, dentro de antigas fórmulas rimadas ou metrificadas.
Mauro possui uma página no facebook (Marte) onde publica algumas de suas poesias e ilustrações.
A grande marca de sua obra poética é a catarse. Uma constante: tudo que é visto, experimentado, sentido, provoca um mergulho reflexivo, um afogamento interior, e vem à tona, impulsionando tanto sua poesia, quanto sua mais ainda incipiente - e experimental - escrita em prosa.
Atualmente, cursa licenciatura em Letras – Literaturas pela UFRRJ - IM/ Nova Iguaçu.
Esta é a primeira vez em que o autor é publicado.




In-patia

Multidão -
um só ali sou eu
entre vários
estou

aprendo aos poucos a socializar:

te abraçando quando quer
e quando eu quero, me abraçar

te beijando quando quer
e quando eu quero, me morder

meus próprios lábios
língua sangue
sa            liva

E quando a solidão bater
outro abraço apertadinho
(de sentir minhas escápulas)
com minhas próprias mãos.


#


Sintonia

o assovio do rádio de pilhas
os filmes de alienígenas
os walkie talkies

aquelas rodinhas ou botões
de liga/desliga
ou de sintonizar na frequência correta

tracinhos e setinhas que acham que se encontram

o limbo das estações:
o intervalo entre o abismo ruidoso
do caos
e a frequência perfeita da estação –
a ordem

o assovio intergalático
que tanto me soava o futuro de alumínio
o quase, mas esperança

o êxito do encontro da estação desejada
a frustração com a programação audível
mas chiada

me encontro aí:
desajuste.


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