Mauro
Vasconcellos é um poeta, músico e ilustrador nascido em 1990 no Rio
Grande do Sul. Apesar de gaúcho, define-se como um poeta iguaçuano por viver
na cidade de Nova Iguaçu, região da Baixada Fluminense do Rio de Janeiro, e
motivado por questões políticas, ideológicas e
de identidade – mesmo que tenha escrito os seus primeiros versos em Fortaleza,
no Ceará. Denomina-se iguaçuano devido à memória, às vivências e à sua família,
e é neste cenário onde ele elabora a sua rede de articulação poética e
cultural.
Com uma produção literária ainda incipiente, mesmo com alguns
anos de exercício poético e escritos guardados e/ou desaparecidos, sua escrita
é representativa do que vem sendo feito atualmente na Baixada Fluminense, isto
é, temas cotidianos e informais tratados, quase sempre, dentro de antigas
fórmulas rimadas ou metrificadas.
Mauro possui uma página no facebook (Marte) onde publica
algumas de suas poesias e ilustrações.
A grande marca de sua obra poética é a catarse. Uma
constante: tudo que é visto, experimentado, sentido, provoca um mergulho
reflexivo, um afogamento interior, e vem à tona, impulsionando tanto sua
poesia, quanto sua mais ainda incipiente - e experimental - escrita em prosa.
Atualmente, cursa licenciatura em Letras – Literaturas
pela UFRRJ - IM/ Nova Iguaçu.
Esta é a primeira vez em que o autor é publicado.
In-patia
Multidão -
um só ali sou eu
entre vários
estou
aprendo aos poucos a socializar:
te abraçando quando quer
e quando eu quero, me abraçar
te beijando quando quer
e quando eu quero, me morder
meus próprios lábios
língua sangue
sa liva
E quando a solidão bater
outro abraço apertadinho
(de sentir minhas escápulas)
com minhas próprias mãos.
#
Sintonia
o assovio do rádio de pilhas
os filmes de alienígenas
os walkie talkies
aquelas rodinhas ou botões
de liga/desliga
ou de sintonizar na frequência correta
tracinhos e
setinhas que acham que se encontram
o limbo das estações:
o intervalo entre o abismo ruidoso
do caos
e a frequência perfeita da estação –
a ordem
o assovio intergalático
que tanto me soava o futuro de alumínio
o quase, mas esperança
o êxito do encontro da estação desejada
a frustração com a programação audível
mas chiada
me encontro aí:
desajuste.
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