sábado, 4 de junho de 2016

João G. Junior

Anteriormente conhecido pelo pseudônimo "João Meireles", João G. Junior é um poeta, contista e historiador nascido em Queimados, Rio de Janeiro, em 1993. Foi colaborador dos sites Indique Um Livro e Literatortura, e um dos poetas convidados a integrar a exposição "Poesia Agora" (2015), no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, com curadoria de Lucas Viriato. Participou, em 2013, da antologia Flupp Pensa - Novos Poetas, e publicou Primeiras Viagens (Ed. do autor, 2014) e Fui a Lisboa esquecer um amor (Juiz de Fora: Edições Macondo, 2016). Atualmente edita a revista eletrônica de poesia Avenida Sul. 
Sobre o autor e sua escrita, que já foi definido como uma "alma essencialmente poética", diz-se que "podemos vê-lo como um modernista, reverenciando tanto autores clássicos refinados, inalcançáveis, como autores que surgem e permeiam a literatura hoje" (leia mais na resenha sobre a plaquete Fui a Lisboa esquecer um amor, escrita por Ítalo Machado).
Os poemas abaixo foram anteriormente publicados no blog Poema Diário e no site LiteraturaBR






Entre paredes


sinto a tua presença
madeira concreta
teus buracos transbordantes

cinzentos olhos
boca sonhos chão
paredes e cus pálidos

amanheço preguiçosamente
aflito
esqueço até do futebol
que finjo gostar
para agradar
quem gosta de mim

cinzentas pálpebras
madeira transbordante
tijolos e reboco

sei até onde
minha lei
vai
e até onde
tua mão
me come


#



Notas de um flerte na fila do caixa
dançar nunca
é demais
no supermercado prefiro
o corredor de
enlatados
onde sinto teu soro suado
me banhar
e os lábios abertos
divididos entre
palavras prazerosas
e macarrão instantâneo
me deixo levar
por quem
tão obstinadamente
me conquista
vaga-lumes armados
lutamos molhados
me deixo levar
por quem sabe dançar



#



Bússola
o circo está na cidade
e o caminhão pipa
vem descendo pelo breu
eles correm para o portão
a boca cheia de areia
correm cansados de esperar
na sala de jantar
cresci sob um coqueiro
uma goiabeira
e um pé de acerolas
a ciência dos cuidados estraga
mas dos sonhos
me fiz sacerdote
entre mim e o outro
há apenas o meio
e no fim de todas
as estradas
o norte



#



Senta lá, Sartre


brinquedos quebrados

não questionam
pureza
desinteressante a
ausência de foco
dos sentimentos:
o seguro morreu velho
e o apaixonado,
cego
inocentes
os pés descalços
os cabelos
amorfos
o fardo não é leve
mas vale o
uso da imaginação
e de crayons
pra colorir
enquanto isso
meu gato me encara
branco & preto
por trás do
verde –
habitante do brilho
prateado, ele sabe
certas as elipses
da vida
(a miopia
necessária):
ocultam o inferno
em nós

Nenhum comentário:

Postar um comentário