quinta-feira, 25 de maio de 2017

Viagens de esquecimento: Pedro Craveiro & João G. Junior

Deixar passar as perdas, esquecer amores e paixões interrompidas ou mal resolvidas é sempre um grande problema. Pois esquecer demanda perdão e aceitação, ferramentas essas que nem todos utilizam com habilidade.
Por isso as viagens, que suprem os espaços e criam novas saudades, perfumando a memória com rosas de um passado distante que não precisa voltar.
Por isso as palavras e a poesia, que impulsionam, no papel, a resolução do que se inicia na viagem.

Foi esta a força motriz por trás do poema “Fui a Lisboa esquecer um amor”, de João G. Junior, publicado em fevereiro de 2016 em uma plaquete homônima pela Edições Macondo em Juiz de Fora, MG.
Inspirado na poesia de João, o poeta português Pedro Craveiro escreveu o poema “Fui a Bruges esquecer um amor”, em resposta ao carioca e dedicando-o seu texto.

Publicado ano passado de maneira inédita e exclusiva em nossa revista, a Avenida Sul, o poema de Pedro foi finalista e ganhou recentemente o prêmio luso-galego aRitmar Galiza e Portugal, dedicado aos que se destacaram na música e na poesia galega e portuguesa em 2016 e organizado pela Escola Oficial de Idiomas de Santiago de Compostela e à Xunta de Galicia.

Hoje postamos novamente o texto de Pedro, e apresentamos o poema de João Gomes no qual ele se inspirou, ainda inédito na rede.

Agradecemos ao prêmio europeu, por ser muito satisfatório para nós e nos enche de orgulho saber que um poeta, ao ser publicado em nossa revista, foi indicado e ganhou um belo prêmio, demonstrando que nosso trabalho tem sido bem feito.

E obrigado pela parceria e pela confiança, Pedro. Parabéns pela premiação!



Fui a Bruges esquecer um amor, de Pedro Craveiro
– em resposta ao poema “fui a Lisboa esquecer um amor”
                                                               para o João G. Junior


tu não estás aqui
e tenho beijado todas as garrafas
num bar escondido de Bruges
          sem querer dou por mim
a perder terreno na tua vida
eu que sempre te esperei às 17
na janela desalumiada do metro
entre olaias e chelas

tu não estás aqui
e é tão bom assim: despertar incerto
partir a língua em dois como um hiato
granjear o sol dalgum hemisfério
reaver-me dos engenhos necessários
e supor que tudo se resume, caro watson,
a morte & amor

          tu não estás aqui
em tanto sítio em tanto corpo assediado
no dia em que Freddie morreu.
se em muito te reconhecia,
em pouco te relembro agora




#




Fui a Lisboa esquecer um amor, de João G. Junior


nem sempre o salto é o melhor caminho           mas todo início requer um primeiro passo
assim como todo recomeço exige nova maquiagem
                                        a dor é ANTIGA

não te apaixones               vovó dizia             só que não se deve  falar em paixão
com cancerianos que sonham                  banheiras-para-dois em luas de mel
ou afagos em praças de algum país europeu                  extremamente frio onde as palavras              são ditas de trás para frente como no japão

sem amor só me restarão os michês
tipo um barthes latino-americano pelas ruas de lisboa
e as unhas (é claro) são ruídas até o sabugo                  sempre sangram & nunca funcionam contra o desejo de fumar
faria sentido caso estivesse acordando dia seguinte na tua cama         o fim do dia viria com o hálito dos beijos compartilhados

audrey adora lisboa                  e fala coisas como histórias de amor
que têm sempre
                          (QUASE SEMPRE)                 o arrependimento do olhar
as crianças não conhecem medo
correndo na rua ainda estão vulneráveis              à 1ª paixão
                                           não adiantam o fim do dia

chega a ser fácil esquecer de cantar            você cantava lindo quando escurecia
e o chão da cozinha hoje conforta como café ou colo de mãe               sabe como é
clarice coleciona retratos de casais recortados de revistas
                                ela mora longe e prefiro encontrá-la por outros meios que pessoalmente
todo encontro a mesma ladainha       clarice derrete em lágrimas que nem a bruxa de oz
e reclama ter sido abandonada

coitada               ainda não descobriu o prazer de entupir vasos sanitários
              com meias velhas para chamar atenção                                                                                 
                                                                  ou ter alguém em casa

é isso – todo recomeço                 exige a new make-up
eu quando lembro que acabou revivo todos os ex-amores
todos aqueles tirados de mim               ou tirados por mim                 o traidor
                                                          - fora de -

me pergunto se o corte            não encontra remédios em viagens          talvez em lisboa    
                          eu não dançasse assim

nem sempre o meu passado traz sorrisos            mas nunca esquecerei os modos daquela namorada que não gostava de lisboa e achava ter qualidades para me fazer esquecer meu primeiro amor com diminutivos                 sapateava na rua
                    como estivesse num grande salão  e os postes fossem refletores
                             só não consegui acompanhá-la nas bebedeiras de virar noite

então houve uma vez
          amei mais que a mim
houve outra vez
          amei mais que a mim
e quase toda semana
          ainda
amo mais que a mim

como outro dia lembrei que tive um namorado que me esqueceu em nosso aniversário ele era doce como açúcar, dentuço como eu e me presenteava sempre com hambúrgueres mcdonalds              mas arrependimento não mata e ele não merece ser lembrado

escrever poemas às segundas-feiras não é o mesmo que            escrever poemas aos domingos

e o que é poesia?
e o que não é?
eu queria saber registrar tudo o que vejo como fazem os grandes poetas em seus versos curtos                     até hoje só aprendi que os poemas de domingo          são feito matéria branca que não se encontra noutro lugar      não são belos como os poemas de quinta-feira não falam de amor             mas trazem o silêncio dos dias mornos
                   que não se repetem nem se acabam

                    e a lei ainda está em vigor
NÃO HAVERÁ FIM enquanto o túnel ainda estiver iluminado por dentro
todo mundo passou por isso ou PASSARÁ            é mentira que aos poucos o rosto inchado esquece as lágrimas

também já tive um namorado menor que eu que gostava de bala para beijar e recusava yakissoba por educação                      (ele também não gostava de lisboa)
e quando estava com ele eu esquecia o mundo          o coração parava os dentes secos na boca e tinha vergonha de meus gases e meus pés                     e das manchas da catapora        
                           recém-curada                                           mas eu o traí com oito pessoas
                                                             - fora de -

                        ex não acaba:
                                               vira poesia ou motivo para viagem

então começou a fumar porque o outro fumava e agora sozinho enquanto arruma as malas                    põe fogo na mesa da sala              graças a um cigarro esquecido

os dias andam muito sem graça              muito sem graça
muito sem graça    muito sem graça muito sem graça              muito sem graça

mamãe sabia uma piada de amor que nunca contava e de tanto não contar
já nem lembra mais                                        hoje minha piada é fumar por
                     não saber a piada


 (ERA ASSIM A HISTÓRIA:
ele tinha 13 anos, comprava picolé depois da escola
e gostava de esperar passar o garoto de longos cabelos negros
com ares de estar sonhando sonho bom
quando chorava os amigos vinham y chorava ainda mais
por estar embaçando os óculos
certa vez escreveu uma canção de amor
ficou horrível
amassou o papel e jogou no lixo

o anel era de vidro
amou demais                 e se quebrou)

e agora joão meireles                    por que usas meireles se teu nome não tem meireles?
não invejes os quinze poemas de qualidade que tua ex fez num único final de semana

o melhor é juntar toda grana possível e fugir para lisboa
conhecer novas camas e esquecer as que ainda
te esquentam                                      
                                    o peito

terça-feira, 16 de maio de 2017

Leonam Cunha

Leonam Cunha é um poeta nascido em Areia Branca-RN, em 1995.
Mora atualmente em Natal e é graduado em Direito pela UFRN.
Publicou em 2012 o seu primeiro livro de poesia, Gênese.
Em 2014, publicou o Dissonante, e em 2016 o Condutor de tempestades; todos os três foram editados pela Sarau das Letras.
Abaixo, alguns de poemas de sua produção.




Areia


A primeira vez que nasci
foi sobre uma planície de areia.
Os grãos açoitaram-me os olhos
e entulharam minha boca
de palavras ásperas.
Minha mãe, para me dar à luz,
precisou atravessar o rio
mas o rio estava seco.
Então ocorreu de meter
o pé na lama, como eu faço
no meu passo tremido de samba.
Meu pai largou de vender leite,
derrubou a brancura
sobre o solo de minha mãe.
A segunda vez que nasci
foi sobre uma planície de areia.
Mas a maré estava alta.
Não careci ensinamento
para simular as tartarugas
que deslizam até beira dágua.
Apenas fui. Não atinava que no mar
teria nascido melhor.
A terceira vez que quis nascer
foi no colinho de Odoyá.




#




Universo


Brincam de pedreiro
os meninos
- responsáveis
pela escultura do universo.
Às suas costas,
um varal de tecidos brancos
enrijecidos bantos
tremula dentro
da brisa matinal.
Imitam asas esses lençóis
e têm cheiro de cuidado

Os negros na Bahia são.
Os negros sobretudo na Bahia
têm nos gestos
uma delicadeza de batalha.
Os negros na Bahia são
e sabem: negros

A senhora trajada
de passado esquece
a realidade das pedras.
Aquela senhora com
o tempo nos cabelos
repentinamente
começa a dançar em plena rua
escaldante porque sonha:

“Quando me for, vou alegre;
só peço a paizinho Obaluaê
que quando me for, vá alegre”

Com o carro de mão,
o vendedor de leite passeia
bradando suas palavras.
Não se propõe a dizer
mais que o bastante.
A gente quer leite e alegria

Com maior ritmo vibram os lençóis.
A menina toma café
e limpa a boca na barra do porto
com a cabeça no Porto da Barra.
As senhoras desistem da morte
e da vida empedrada
“Quando me for, vou alegre;
só peço a paizinho Obaluaê
que quando me for, vá alegre!”




#




Parasita da resrazão

Deixem-me com o que criei.
A minha vagabundagem
foi forjada a grosso
cuspe.
E a mim pertence

Desamarrem-se
e que a permissão
seja dada para que eu flutue
nas incongruências.
Quem há de exigir postura reta
não sabe que somos feitos
para o envergamento
e o caminho do tombo.
Ser humano reto é abstração

Permitam que eu possa grunhir
sobre avalanches e Oxalá,
sobre corações inquebrantáveis
e a constelação de câncer


Que eu possa me dar
a toda maneira mínima
de não me ser,
para reconhecer o lugar vazio
e preenchê-lo da chuva de mim.

sábado, 13 de maio de 2017

Ozias Filho

Ozias Filho é um poeta brasileiro nascido no Rio de Janeiro em 1962. Formado em Jornalismo pela Faculdade Hélio Alonso e em Fotografia pela Pontifícia Universidade Católica, ambas no RJ. É pós-graduado em Edição e Novos Suportes Digitais, pela Universidade Católica Portuguesa.
Trabalhou no jornal “O Primeiro de Janeiro” (Porto).
Lançou em 2001, pela Editora Alma Azul, o livro Poemas do Dilúvio.
Idealizou e protagonizou, na Casa da América Latina, em Lisboa, vários projetos: Uma Hora Com os Poetas, Noites em Pasárgada e Neruda com Amor.
Foi de 1999 a 2011 o responsável da Editora Vozes em Portugal.
Em 2005 lançou, pela Edições Pasárgada, o livro Páginas Despidas.
Em 2006 participou na coletânea de contos Con-to-Con-ti-go, da Livrododia Editores, e, em 2008 publicou pela mesma editora o livro de fotografias Santa Cruz. Participou em vários projetos ligados à fotografia, produzindo capas de livros e revistas especializadas em arquitetura e artes.
Em 2010 foi um dos escritores da antologia de contos Só agora vejo crescer em mim as mãos de meu pai, das Edições Pasárgada, da qual é o fundador e Editor. No ano seguinte editou por este selo o livro O relógio avariado de Deus.
Em 2013 publicou, em parceria com o poeta mineiro Iacyr Anderson Freitas, o livro Ar de Arestas (livro finalista na categoria Poesia nos prêmios Portugal Telecom de Literatura e Jabuti, em 2014); as fotos desta obra estiveram expostas no Museu de Arte Moderna Murilo Mendes, em Juiz de Fora, na Casa da América Latina, em Lisboa, e na Fundação Marques de Pombal, em Oeiras.
Em 2014 publicou Insulares, da Editora Livros de Ontem. Recentemente publicou, pela Texto Território Editores, a edição brasileira de O relógio avariado de Deus.
Por viver na “fronteira” entre duas nações que lhe são muito próximas (Brasil e Portugal), pode-se perceber que sua escrita é algo híbrida, transitando ora para os brasileirismos que lhe são natos, ora para a língua matriz que herdou há vinte e cinco anos, ao mudar-se para Portugal.
Os poemas a seguir apresentados foram selecionados dos seus livros: Poemas do dilúvio, Páginas despidas, O relógio avariado de Deus, Insulares e do inédito Poemas infantis para quando eu for grande.



do livro Poemas do dilúvio, Editora Alma Azul (Coimbra/2001)


O corpo da escrita

esse olhar sonâmbulo cambaleia no desconforto bêbado de um carro velho. entre amenidades errantes temos a noção de que o amor é possível no reflexo da lua que tudo promete e transforma homens em quase nada. poetas de infortúnios. homens-lobos amestrados. e a loba é você. a loba é o verbo. a loba é a fome. o olhar é fome. o amor sucumbe à fome. o amor é fome. a estranha coreografia do improviso é fome. onde a roupa é mero invólucro corporal.

a emoção é inevitável. onde a lágrima pede licença à vergonha e o orgasmo escorre silencioso do lado direito da perna esquerda. sou, mais uma vez, o ejaculador precocemente virgem. por um momento consigo acreditar que o meu único mundo é você e que o mercúrio dessas estrelas artificias é o paraíso. o coração pulsa no pénis, no peito, no pescoço. o corpo inteiro grita numa festa contida, sob as luzes da lua, dos holofotes urbanos e dos olhares curiosos. e no vazio do êxtase tudo se declara.




#




o mar redescobre o marulho bem compassado das marés. os pássaros ensaiam os primeiros acordes do dia. a sabedoria popular (que acabo de inventar pois faz falta ao poema) vê no canto ainda noctívago das aves o prenúncio de um dia quente. o homem calvo, como em todas as manhãs, de frio ou de calor, corre pontualmente atrasado para apanhar o primeiro comboio, que não espera pelos distraídos. e nós no limbo da noite com o dia deixamo-nos vencer despidos pelo sono dos justos. sono sem cama. sono acordado. sono com dezenas de quilómetros por atravessar e escassas horas para dormir.
tudo para encontrá-la entre a morfina do sono e o labirinto de memórias já vividas, enquanto o despertador à espreita, pronto a tocar, me permitir esta visita guiada ao seu quarto. no sonho permito-me ser narciso e encontro em ti o meu reflexo fora de foco. não me venham dizer que só os opostos se atraem. és a parte visível da minha verdade e do meu logro.




do livro Páginas despidas, Edições Pasárgada (Cascais/2005)


Génesis


e no princípio
era o silêncio

e Deus
criou o verbo

e aprisionou para sempre
o silêncio dentro do homem




#




Apocalipse


é preciso
implodir a palavra

desconstruir
o edifício

libertar
o silêncio




do livro O relógio avariado de Deus, Edições Pasárgada (Cascais/2011) – Texto Território Editora (Rio de Janeiro/2016)


A caixa

por dentro
da caixa fechada
quebrou-se
a camada de vidro

recompor
a coisa quebrada
por dentro
como?




#




Maria


a ficha ainda não caiu

quando chegar a casa
abrir o quarto e deparar
com a mochila por arrumar
dar-me-ei conta
que ela foi baleada
no lado direito do tórax
quando descia as escadas
da estação dos Anjos

a sua última viagem de metrô
foi a primeira




#




Corpo fica mais de cinco horas em rua do Centro


em frente ao Teatro Municipal de São Paulo
estendido na Rua Xavier de Toledo
atropelado em frente ao Teatro Municipal de São Paulo
o corpo ficou cinco horas e meia
em frente ao Teatro Municipal de São Paulo
atropelado pelo ônibus da Viação Santa Brígida
em frente ao Teatro Municipal de São Paulo
foi recolhido pelo Instituto Médico Legal
já passavam às 19 horas
às 22 estreia As Bacantes
no Teatro Municipal de São Paulo




do livro Insulares, Livros de Ontem Editora (Lisboa/2014)


o que falta dizer não escrevo
definitivamente, não consigo
sou impotente perante esta alvura

não sangro sobre o papel
não caibo nestas margens
que desconfiam da minha
ingenuidade

apalavro-me sob elas




#




esta pretensão
invisível

(Senhor)

de registrar
as pequenas pérolas
perecíveis




#




ninguém nota quando choramos à chuva
ninguém nota quando choramos a chuva




do livro Poemas infantis para quando eu for grande (a ser publicado em 2017)


O cofre


o que guardo no coração?

pedaços de bilhetes para muitos lugares
pedaços de bilhetes para muitos lugares na memória
pedaços de bilhetes para muitos lugares na memória
que eu não quero esquecer

tampinhas de Coca-Cola com a bandeira do Brasil
tampinhas de Coca-Cola com as bandeiras dos países da América do Sul
tampinhas de Coca-Cola com as bandeiras de todos os países do Mundo
(muita Coca-Cola eu bebi, meu Deus, por causa das bandeiras)

a caixa de costura em madeira da minha mãe
a caixa de costura em madeira com a minha coleção de ostras
a caixa de costura em madeira com os barulhos do mar
a caixa de costura em madeira que a minha mãe silenciou na lata de lixo


o que guardo no coração?


andar de bicicleta na rampa do mercado de bairro
o braço partido na rampa do mercado de bairro
a bronca da mãe que avisara sobre a rampa do mercado de bairro
o gesso assinado do braço partido na rampa do mercado de bairro

a descoberta com a prima do algo proibido
a chinelada no rabo por causa do algo proibido
o elevador da batcaverna no improviso do poste da rua
a chinelada no rabo como prémio pela minha queda do poste da rua
fumar escondido na casa de banho das meninas
fumar sem a chinelada no rabo
a minha mãe nunca soube do cigarro, nem das meninas

o poema que fiz para Alice
o poema que entreguei para Alice à porta do bar na Rua Farani
o beijo na boca que ganhei de Alice por causa do poema

o que guardo no coração?

é bem mais do que consigo guardar numa vida de papéis
não cabe nesta página ou na caixa de sapatos
arrumada num canto qualquer da despensa
está algures, sépia, vivo e por vezes fechado
em cofre há muito esquecido

o que guardo
não é como uma fotografia de Itabira na parede

mas como dói