quinta-feira, 7 de julho de 2016

Poema inédito de Bernardo Vilhena

Bernardo Vilhena é um poeta e letrista nascido no Rio de Janeiro, em 1949.
Foi fundador e editor das revistas Malasartes, O Carioca (com Chacal e Waly Salomão) e Almanaque Biotômico Vitalidade, com a Nuvem Cigana, coletivo poético e artístico do qual fez parte na década de 1970, junto com outros integrantes como Chacal, Ronaldo Bastos, Guilherme Mandaro, Charles, Ronaldo Santos, entre outros.
Participou da histórica antologia 26 Poetas Hoje, organizada por Heloísa Buarque de Hollanda e publicada em 1976.
Fundou a gravadora Regata na década de 1990, pela qual lançou vários artistas, entre eles a cantora Paula Lima, o primeiro disco solo de Seu Jorge e da banda paulista de samba rock “Clube do Balanço”.
Em 2015 publicou, pela Editora Azougue, a antologia Uma vida bandida e outras vidas, obra na qual foram reunidos todos os seus livros de poesias lançados anteriormente, além de alguns poemas inéditos .
Como letrista, escreveu canções para nomes como Lulu Santos, Ritchie, Cazuza e Lobão. Duas dessas são “Menina veneno”, uma das músicas mais tocadas nos meios de comunicação no ano de 1983, e “Vida louca vida”, sucesso na voz de Cazuza.
Abaixo, um poema inédito de sua autoria.






Espaçopoema


Eu percorro o espaço proposto pelo poema
espaço físico
Texturas variadas se sobrepõem à leitura
paredes, muros, chão, céu, tudo
nuvens, mares, rios, líquidos diversos envasilhados
escorridos, derramados, libertos de conformidades
É de todo incerto que a época evocada dê o tom que ilustra o poema
funciona mais à guisa de cenário inconstante
ao se modificar em demonstrações de maleabilidade ouse transformar-se em espaço onírico
o poema estabelece sua cor, cria desníveis, altera e alterna as horas
e se declara atemporal

    condições climáticas desafiam a previsibilidade
    afastam as noções mais simplórias de claro e escuro

o poema captura o olhar interno do leitor
penetra em regiões abissais
busca a propriedade daquele momento
vivo, liberto, anárquico
o poema e sua trajetória
o poema e sua memória
todas as memórias
o poema e sua história
pleno de liberdade

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