terça-feira, 18 de abril de 2017

Yassu Noguchi

Yassu Noguchi é uma poeta, contista, produtora cultural e palindromista natural do Rio de Janeiro, mezzo italiana, ha-fu japonesa, nascida em 1973.
Tem textos publicados no Desnamorados, um livro colaborativo sobre o amor lançado pela Editora Empíreo em 2014, e nas coletâneas Clube da Leitura – Volume III, lançada pela Oito e Meio em 2015, Rio 2065, lançada pela Casa da Palavra em 2016 com organização da FLUPP, e em ESCRIPTONITA: mitologia-remix & super-heróis de gibi, que será lançada em breve pela Patuá. Também esteve no jornal Plástico Bolha, na revista Mallarmargens e no blog Poema Diário.
Lançou em 2016 Meu olho não puxado puxou o lado errado, seu primeiro livro de poemas curtos, pela editora enCaderno.
Sua paixão pelos haicais japoneses a tornou produtora do Haicai Combat, um slam de poesia no qual poetas falam poemas curtos, recebem notas dos jurados e concorrem a livros e a outros prêmios relacionados à literatura e à cultura. Colabora também na produção do Pizzarau, sarau de artes, realizado numa pizzaria na Lapa, RJ.
A convite do jornal Plástico Bolha, fez a coordenação artística da exposição “Poesia Agora”, no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo (mostra que ficou em cartaz de junho a setembro de 2015), e trabalhou como assistente de produção no 1º Circuito Carioca de Saraus (um projeto da Poesia Viral) realizado em lonas culturais do RJ, nos meses de maio e junho de 2016.




Três poemas de amor



se nos encontrarmos - cheios de cicatrizes - nus de tudo nossos corpos travarão uma luta eu sei

se nos perdermos – nessa que dura intermináveis rounds - em fendas de pele, músculos retráteis e luvas de látex, de onde avançamos e quedamos

lona espuma mola céu cimento

os cortes – uma vez superficiais uma vez nada superficiais uma vez uma vez que não se sabe - serão inevitáveis




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eu fui, onde há mar,
encontrar esse ouriço que sangra nossa curiosidade
essa apneia irresoluta
sal residente
pés de percorrer desorientados mapas
naufrágios constantes, pequenas mortes
polvos que nos puxam pro fundo
quando seriam braços movendo correntes
influências de outros ventos
peixes de escamas rígidas
e guelras sem fundamento




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ela se muda
às pressas
ele havia deixado
um campo minado
mulheres explosivas por toda parte
ela já carregava a experiência de Nagasaki e Hiroshima mon amour
por isso era silenciosa como a impossibilidade
por dentro, em seu coldre vermelho-sangue, uma reação exotérmica capaz de atacar toda uma cidade ao contrário: refazer.
quebra de um instável
já eram, dois menores
então, pra longe do U-236, antes Tsar, cogumelos
ela foge,
ogiva entre as pernas,
em busca de outro elemento, que não
massa de 3 pra 2
lixo atômico, o amor

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