Elizabeth
Gomes, Beth,
é uma poeta, agente e agitadora cultural nascida em 1993, no Rio de
Janeiro.
É
editora de poesia do Site
da Baixada,
idealizadora e produtora do Sarau RUA (que acontece mensalmente na
cidade de Nilópolis) e uma das idealizadoras da Feira Mais Livro,
colaboradora do Sarau do Vulcão, além de realizar a intervenção
poética itinerante Poema
Fiado.
Cursa
a graduação em Museologia pela UNIRIO e desde 2013 trabalha com
curadoria de artes plásticas e patrimônio histórico-cultural.
Adepta
e amante de livretos artesanais, começou em junho de 2015 uma série
chamada Datilografia
em Conta-gotas.
A
escrita que foge por seus dedos derrama no papel o amor que sente
pelas coisas do mundo e é em meio ao caos, principalmente, que acha
suas soluções.
Os
poemas a seguir são inéditos.
três
(2/36)
Eu
poderia largar o cigarro
e
em passos largos
me
largar de cabeça
no
teu peito
Eu
poderia
em
vilas gaivotas
acidentadas
ou
portos brancos,
velhos
a(r)mados
fodidos
e
usados
Abrir
a janela ao lado
pro
vidro corrente de ar
e
quebrar com um só impulso
no
pulso-coração
o
cunho da estrada
voando
baixo
nas
linhas brancas
ou
me arrastando
pelas
sujas de bordô e carmim
Eu
poderia até mesmo
te
cobrir
com
meu já empoeirado
manto
carmesim
Poderia
em
toda via
secar
o viável viés
de
naufragar o desejo
de
morar aos teus pés
Poderia
quiçá
no
todo do ódio
que
te corrompe o sutil codinome
Morrer
de desejo
de
pavor
de
terror
na
ira da angústia
de
suprir tua fome
Quebrar
os limites
e
também a gaiola
sufocar
com as correntes quebradas
o
todo do mal que te apetece
Eu
poderia tudo isso
Se
com sorte
algum
dia
com
teu andar-vôo
nas
minhas linhas-letras-tortas-poesia
Você
também me pudesse.
#
[das
epifanias na Praia do Pontal - 2]
Poupa
essa minha voz
Cansada
e rouca
Que
agora me alimento
De
céu
E
me basto
Na
ausência de tudo
Que
é seu
Te
entrego um poema de despedida
E
te aconselho
A
ter tato,
Bons
sonhos,
E
um caminho fácil e longo
Ao
seguir pela vida
Aproveita
e conhece na estrada
Alguém
muito melhor do que eu
Tira
o véu vermelho
Que
tampa teu rosto
Se
encontra na cama
E
vê se agora finalmente ama
O
primeiro que passa
E,
tão ao contrário de mim,
For
teu oposto
Mas
vê se não vive
De
dor e remédio
Que
o tédio
Dos
dias sem graça
Que
nos abraçaram com força
Eu
desejo aqui do fundo
Que
não encontre
No
calor dos braços
De
qualquer outra moça
Vive
de amor,
Poesia,
E
calor
Com
a maestria
Do
vento
que
teu andar torto
em
sintonia
com
a escola de samba
dos
meus batimentos
pode
trazer
a
qualquer outra
que
tenha a satisfação
de
dançar com você
Devolvo
teu livro
teu
crivo
a
foto guardada
e
aquele velho isqueiro
na
certeza
de
que se o fogo dele
ainda
acendesse
queimaria
os papéis
e
teu cheiro
Em
vez disso te faço perfume
e
o frasco dispenso
em
qualquer ser vivo
além
de mim
Me
altero na escrita
do
gume das palavras
que
declaram
no
teu primeiro e último poema
o
suor aguardado do fim
E
no conto
contido
que
travesti de poema
de
linhas tortas
e
pouca métrica
Baseada
somente
no
pouco de mim
que
ainda sei
Eu
inflamo um adeus
que
nunca te dei
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