Chumbo que respiro
ventania
é o prenúncio
de
mudanças
a
madrugada se guarda
toda
para os cantores tristes
afinal continuo na torcida
ou
decoro a bandeira do tédio
toda
fruta esquecida
apodrece
sobre a mesa
a
lentidão dos dias
não
diz muita coisa
mas
cabe o necessário
em
imagens de portas fechadas
#
O que fica pra trás
seiva
do veneno que tomo
luto
para perpetuar o brilho
das
marcas da casa cada móvel
em
seu devido lugar dia após dia
as
raízes das teias seguras
não
demonstram a fraqueza do inseto
parece
que os totens
se
construíram
sobre
areia movediça
que
as palavras ditas não diziam
o
que pareciam dizer
há
certo afogamento
que
desperta os piores instintos
soterrados
por litros de mercúrio
emoção
que cria e destrói com
a
mesma facilidade da arte da perda
#
It’s all over now,
blackbird
pode
deixar
que
você gosta de howlin’ wolf
na
cama eu não contarei
é
só uma queimadura
uma
bolha que logo estoura
e
cicatriza sem pus
entre
todos os surtos
os
jogos de planejamento
a
necessidade do adeus
ainda
faço café para dois
e
carrego pra cama
a
distância é grande
mas
você está aqui
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