Leonardo Chioda é um poeta nascido em
Jaboticabal, interior de São Paulo, em 1986. É graduado em Letras pela
Universidade Estadual Paulista e pela Universitàdegli Studi di Perugia. Tem
poemas e ensaios em diversas publicações literárias e antologias nacionais e
internacionais.
Sua
estreia em livro foi com Tempestardes
(São Paulo: Editora Patuá, 2013), premiado pelo ProAC (Programa de Ação
Cultural do Governo do Estado de São Paulo). Seu novo livro, POTNIA, será
publicado pelo Selo Demônio Negro.
Leonardo
também publica artigos sobre simbologia e há 10 anos assina o blog Café Tarot, associando as cartas à literatura.
escreveu
certa vez o fotógrafo Duane Michals:
the
most beautiful part of a man’s body - I think it must be there
ele
acredita estar aí o poema do homem
que
a parte mais bonita se dá no princípio — que é o verso
homem
na idade tenra
[poucos
pelos] de truculência delicada
em
posição quadrúpede
a
parte mais bonita fica no glúteo — o início empinado à boca
porque
no princípio estava o homem
todo
e tão entregue às grandes forças:
um
relâmpago um lince
um
outro homem
no
argumento sobre a interseção entre
músculo
e nervo sobre língua e nádega
nada
existe além da fotografia no começo — que é este verso:
imagem fundadora
do homem à força — entre quatro paredes
[de
quatro] nos cantos do mundo
a
parte mais bonita do corpo
vai
no torso curvado à escrita
presas
mãos na nuca
as
axilas com apetite
e
é tudo uma teoria indômita em estado de graça
de
costas a gozo a membro convidado à entranha
tão
fotografado o corpo do homem
rendido
à própria engenharia: uma arte uma usina
—
peça no domínio da ardência no idioma natural
porque
a parte mais bonita
deve
ser lida aqui: na língua original [e tão faminta]:
the point of pleasure
#
porque
a terra ferve
a
mão direita te ensina as lavras
e
o corte harmonioso da forma
nas
casas pardas
tudo
incandesce
draga
o meu rastro pelas antilhas
—
minhas mãos te fazem
firme
aberta a declive nas chagas
aqui
nos amo feito a homenagem
com
um rosto: paralelo fulgurado
e
nada nos falta na estrela
a
paisagem se encaminha
pela
carne tramada
quando
entro nas células
para
a relação dos verbos da água celeste
aos
ancestrais: à vidência
são
duas criaturas com figos
elas
me atravessam os poros
tudo
incandesce
resvala
estamos
vivos para sempre
nos
nomes nefandos
na dureza virgínea do limo
porque
a terra ferve: meu amor é equinócio
o
amor fulcral: louco: óxido
a
língua numinosa
#
grandes
amigos com aquário no mapa
pândegos
terrenos
amigos
terríveis
a trono
exaltados
no
ouro e na morte a fôlego e planície
amigos
de costumes
amigos
mercenários
amigos
dos quadros
de
ditadores nas calçadas
amigos
milícias
juros
amistosos
amigos
e sereias
musas
militantes a púlpito
e
antepassados
amigos
presos em sonhos
caros
amigos
caçando
deuses para destruí-los
amigos
nas metralhadoras
amigos
no começo do fim do mundo
um
sistema falho
como
os amigos
sorvendo
severos planos áureos
amigos
de cauda
longa
e próspera
amigos
que a signo
a
braço a fundo no peito
amigos
fora de controle
amigos
de coleção
artigos
de chacina
amigos
em grupos
amigos
arados no ódio
no
céu com os amigos
amigos
cães
de briga
amigos
na
vanguarda
amigos
matar
os
grandes
amigos
como
se os pudesse comer crus
os
meus no estômago do poema
amar
os amigos
no
final
#
CAUTION
POETS IN THEIR NATURAL HABITAT
please
do not tap on glass or make eye contact with them
as
poets are easily charmed by normal people
please
do not feed the poets as they are on a strict diet of
ancient verses, nightshades and broken hearts
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