Tiago
D. Oliveira
é um poeta, professor e pesquisador nascido em 1984, em Salvador –
Bahia. Estudou letras na Universidade Federal da Bahia (UFBA) e na
Universidade Nova de Lisboa (UNL).
Tiago
tem poemas publicados em portais, revistas e jornais especializados
como Cultverso,
Cronópios,
Hyperion,
Escamandro,
Enfermaria
6
e jornal Livre
Opinião.
Em
2014 publicou Distraído,
seu primeiro livro de poesia.
Atualmente
desenvolve pesquisas sobre a ética dos afetos em formas breves na
literatura portuguesa e escreve regularmente em seu blog.
Sua
poética direciona-se para o cotidiano e seus assombros, e demonstra
um olhar atento para o sutil e muitas vezes ignorado mundo das
percepções imediatas. Para ele, a vida é feita de pequenos gestos, e do olhar direcionado ao outro.
Primeiro
passeio de bicicleta
O
homem que pedala que ped’alma
com
o passado a tiracolo,
ao
ar vivaz abre as narinas:
tem
o por vir na pedaleira.
Alexandre
O’neill
nos
pedais o corpo
alto
e baixo nos pedais
os
dias sob a nudez
do
metal lírico
cortando
o tempo
a
velocidade que atrai
passou
o cheiro do mato verde
sobre
o guidão: refluxo
pedalo
perto do chão
flutuo
com as marcas
sob
os olhos
são
os dias
tudo
cabe nos pedais
o
corpo alto e baixo nos pedais
#
Segundo
passeio de bicicleta
pedalo
sem as mãos na direção
com
o corpo em formato de cruz
tendo
o caminho para a fé
dentro
das ondulações do movimento
as
respostas se organizam
tudo
está nos pedais
#
A
lei de causa e efeito
é
movimento
como
perceber na imagem o trem que passou
dançar
acontece
diante
da fumaça nos trilhos
para
onde vamos é sempre ontem
as
marcas que carregamos são
o
segredo morando nos ossos
dançar
é ganhar a confiança
de
um corpo que carrega fim
é
detê-la na imagem de folhas caídas
é
o ar inspirado depois da gargalhada
por
isso também cantamos
por
não domarmos a nossa fé
é
preciso dançar para compreender a dança
e
entender o bumerangue
#
Você
não consegue sentir duas dores ao mesmo tempo, uma anula a outra
uma
pontada na cabeça
a
fez pensar na morte
agarrou-se
às fotografias
e
de olhos fechados esperou
ele
lhe deu um bofete
depois
riram e rezaram
para
Baco com o estômago
rim
língua ponta dos dedos sexos
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