André Monteiro é um poeta e professor da UFJF nascido em 1973 em São João Del Rei,
Minas Gerais.
Publicou
os livros A ruptura do escorpião –
Torquato Neto e o mito de marginalidade (Cone Sul, 1999), Ossos do ócio (Cone sul, 2000), Cheguei atrasado no campeonato de suicídio (Aquela
Editora, 2014), Liubliblablá: mastigações
de um camelo (Bartlebee, 2015), escrito em parceria com Luiz Fernando
Medeiros, e Inacreditáveis: assovios
antropopaicos (Editora Raquel, 2016), em parceria com Roberto Corrêa dos Santos.
Realizou
os vídeos-poema Corações flutuantes
(1992), O espetacular devir de casa (2000), Tudo que (2001), em parceria com Laly Martín, e o Elogio da claridade (2003). Participa,
em Juiz de Fora, como compositor e intérprete, dos projetos poético-musicais Ou sim: música, poesia e outras esquina e
Verbo em DISCOntrole.
Foto por: Stephan Rangel
diagnóstico e revolução
1.
ainda
querem fazer essa porra toda parecer muito fundamentada. ainda querem acreditar
em resultados. mais ainda, em resultados esperados. mais ainda, querem nos
cobrar os tais resultados esperados. mais ainda, querem nos vigiar para que
encontremos o melhor dos resultados esperados. mais ainda, querem nos punir com
satisfação quando não podemos mais fingir que acreditamos em possíveis resultados
esperados. mais ainda, quando sabemos muito bem que eles não sabem nada, que
eles não são mais, nem menos, videntes do que nós. mais ainda, quando sabemos
que eles somos nós. mais ainda, quando nós podemos não ser como eles, ou, pelo
menos, podemos, mesmo sendo eles, não ser o que eles esperam de nós. mais
ainda, quando podemos ser nós-outros: os que não sabem deles, os que não sabem
de nós, os que se sabem cegos, os que se sabem outros, os que se sabem os que
não sabem nada e continuam se abraçando sem explicação, descobrindo que, desse
jeitinho, sem explicação, essa porra toda fica muito mais gostosa.
2.
tá pensando o que,
malandro? você tem que rebolar. rebolar pra caralho pra encontrar as brechas,
pra construir os respiradouros, pra ler poesia pros seus insetos, pra quebrar o
medo de amar e de esquecer os papéis em casa, pra não fazer a chamada, pra não
ficar dando trocado pra vira-lata ressentido, pra jogar os medinhos pela
janela, pra não ficar pagando o pau pros nomes que estão na listinha, pra se arriscar
a dar o grito, pra amar sem recompensas, pra não dançar conforme a música, pra
fazer silêncio, pra não se mexer demais e ouvir estrelas. tá pensando o que,
malandro? rebola. delírio não se compra na farmácia.
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