Talles Azigon é um poeta nascido no
Ceará em 1990.
Mora na Maraponga e mantém o blog Eu nunca entendi...
Continua
produzindo eventos literários, mediando leituras e apaixonando-se por outros
garotos.
Maraponga
mira
no meio da gente uma lagoa
cada rua um país
algumas contam até nove e param,
daí o bairro se acaba.
João, na calçada
Cancancão, cuidando dos carros
Bebe-água, fumando seu cigarrinho de palha
minha vó já não mora aqui.
Ir-se, seria o correto
apagando pra sempre
o chão dosjambos
pedaço
dos segredos
morreriamafogados na lagoa
ou atropelado na avenida godofredomaciel
e ele, o bairro
continuaria vivo nos poemas
morreriamafogados na lagoa
ou atropelado na avenida godofredomaciel
e ele, o bairro
continuaria vivo nos poemas
no entanto,
os poemas
são curto, ruins
fracos de traquejo
não alcançam se quer as samambaias ou os bem-te-vis
fracos de traquejo
não alcançam se quer as samambaias ou os bem-te-vis
caso eu fique
morrerei velho e nu
sem ouvir pássaros cantando
na rua uirapuru
#
quando ruir o homem
diluído na noite mais comprida
tudo quanto ele escreveu
fica
diluído na noite mais comprida
tudo quanto ele escreveu
fica
aos poucos
letra, som
desenho
aquilo que um dia fora
linguagem
há de se desmanchar
parte a parte
letra, som
desenho
aquilo que um dia fora
linguagem
há de se desmanchar
parte a parte
aí, enfim
será o fim.
será o fim.
#
na hora do amor,
ama
tira a roupa de si
a roupa do outro
deita-te na cama
tira a roupa de si
a roupa do outro
deita-te na cama
na hora
amarga
quando cai o
candelabro do mal, pondera
quando cai o
candelabro do mal, pondera
na época amarga não há salvação
salva ao menos
teu corpopaixão.
#
Micropsicoliterapatologias I
Complexo
de Rapunzel
não saio de casa
nem para comprar pastel.
não saio de casa
nem para comprar pastel.
#
não bastasse amar
a pele, o cheiro, o ritmo
de quando anda
a pele, o cheiro, o ritmo
de quando anda
ama a
exclusividade
que o amor não exige
que o amor não exige
prefiro
morrer
de prazer
todo dia que se pode.
de prazer
todo dia que se pode.
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