Giovani Kurz é um poeta brasileiro nascido em 1997, em Curitiba, onde ainda vive. Estreou na poesia com o livro Nascente
Periférico, publicado no Ceará pela Editora Substânsia em 2014. Integrou a coletânea FLUPP Novos Poetas, também
em 2014, participando, no ano seguinte, da antologia de melhores textos do Jornal RelevO.
Atualmente, assina uma coluna mensal no site LiteraturaBr.
Pantomima
Somos
dois – ato e espaço – somos
fotógrafos
notívagos
aproveitando
noites vagas
para
reescrever a história
que
um dia pensamos escrever (lembramos ter escrito)
arquitetos
redesenhando o pôr do sol que a memória
estampa
na vista da lembrança, o som da música
que
os ouvidos escutam no silêncio do quarto
escuro
em que tenho saudade de ter você ao lado
ouvindo
minha respiração pesada
aproveitando as
horas para rabiscar
autorretratos frustrados, canções
soturnas e emoções letárgicas (corações
banhados
em gasolina sob à vista de amores infalíveis,
inflamáveis),
somos incertos navegantes da Galícia ou da Croácia
aproveitando
os dias para forjar diamantes e poemas,
memórias
gastas, sapatos velhos, calças rasgadas,
papéis
queimados em que você ia escrever aquele poema
que
eu esqueci de recitar sob o luar de uma noite
cubana
de inverno, somos dois
mínimos,
líricos, somos armadilhas na trilha
de
tigres famintos ou caçadores astutos, inspetores
de
corredor em um labirinto de mil faunos cegos,
somos
exploradores de mapas, enigmistas à deriva em bússola,
dois
lunáticos progressistas, liberais
somos
fanáticos, maestros,
sílabas
passantes, malabaristas doentes, atores do silêncio,
dançarinos
da madrugada melancólica (cotidiana), roteiristas sem diretor,
poetas
sem rimas, filósofos sem enigmas, somos dois,
somos
nós: artistas prontos para desistir
de
roubar ideias e lembranças.
#
Quando o céu couber
Quando
o céu couber
em
seus olhos,
todo
o amor
que
sempre senti
por
você, moça,
sairá
desfilando
sob
o sol
de
domingo
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